Benefícios

Um antioxidante é uma substância capaz de inibir a oxidação de um substrato quando presente a concentrações mais baixas que esse substrato. Exemplos de oxidações são a ferrugem, o escurecimento de alguns alimentos quando expostos ao ar (por exemplo, maçãs, pêras, bananas e batatas) ou a formação de ranço nas gorduras. A oxidação ocorre também no organismo vivo resultando em danos dos componentes celulares, eventualmente contribuindo para o surgimento ou a evolução de algumas doenças. Ao combaterem o stresse oxidativo, isto é o excesso de oxidações de componentes celulares, os antioxidantes podem ter efeitos benéficos para a saúde. Assim, o aumento dos níveis dos antioxidantes no organismo, nomeadamente através de uma dieta rica nestes componentes, poderá ser benéfico.

Estudos observacionais

As evidências que apoiam os efeitos benéficos dos antioxidantes têm origem essencialmente em estudos observacionais. Nestes estudos fazem-se medidas dos níveis dos antioxidantes na população e correlacionam-se esses níveis com a incidência de determinadas patologias. Um dos primeiros estudos deste tipo ficou conhecido como o estudo de Basileia realizado na década de 70. A amostra consistiu em cerca de 3000 indivíduos aparentemente saudáveis da cidade de Basileia. Em 1971, os níveis de vitamina C, E e beta-caroteno foram medidos no plasma. Em 1980, registaram-se as mortes observadas por cancro, tendo-se observado um maior risco de morte por cancro do pulmão em indivíduos com um nível mais baixo de beta-caroteno. Este antioxidante parecia assim ter um efeito benéfico preventivo do cancro do pulmão. Muitos outros estudos observacionais apoiam uma relação entre um aumento dos níveis dos antioxidantes e a diminuição da incidência de várias patologias como o cancro ou as doenças cardiovasculares.

Um estudo observacional onde se observa uma correlação entre, por exemplo, o nível de beta-caroteno e a incidência do cancro do pulmão não permite responder à pergunta "o que aconteceria à incidência do cancro do pulmão se suplementasse a dieta com beta-caroteno?" De facto, indivíduos que tomem suplementos alimentares e/ou tenham dietas ricas em vegetais e frutos, aumentando os seus níveis de beta-caroteno, poderão ter em geral um maior cuidado com a sua saúde, resultando portanto numa menor incidência do cancro. Assim, o aparecimento de correlações estatísticas em estudos observacionais pode não corresponder a uma relação causa-efeito entre uma menor incidência de cancro e a maior ingestão de beta-caroteno. Pode também acontecer que outras substâncias que não o beta-caroteno presentes nas fontes nutricionais de beta-caroteno (frutas e vegetais) ingeridas pelos indivíduos com níveis altos de beta-caroteno tenham de facto um efeito anti-cancerígeno. Neste caso o beta-caroteno funciona como um marcador de uma dieta anti-cancerígena, mas não é ele próprio o agente anti-cancerígeno. Para responder à pergunta se o beta-caroteno tem propriedades anti-cancerígenas ter-se-ia que fazer um ensaio clínico de intervenção, em que o beta-caroteno é fornecido de um modo controlado à população. Esses estudos foram já realizados, tendo-se concluído que o beta-caroteno não diminui a incidência do cancro do pulmão, e pelo contrário numa população de fumadores aumenta essa incidência (ver Riscos dos antioxidantes).

Em geral deve salientar-se que a prova baseada em estudos observacionais não é considerada uma prova forte em medicina. As decisões sobre terapias devem ser, sempre que possível, baseadas em ensaios clínicos, que providenciam um tipo de prova muito mais forte, mas que infelizmente são muito mais dispendiosos. Em conclusão, a evidência de que os antioxidantes possam ser benéficos na prevenção de muitas patologias não é muito forte.

Vitaminas e oligoelementos

Alguns antioxidantes são vitaminas ou oligoelementos, isto é, são nutrientes necessários mas que o organismo não é capaz de produzir, sendo portanto necessária a sua ingestão em pequenas quantidades. As vitaminas E e C, ou o selénio são antioxidantes absolutamente necessários à vida. Em indivíduos sem problemas gastro-intestinais que impeçam uma correcta absorção dos nutrientes da dieta, os problemas associados à falta destes nutrientes são praticamente inexistentes.

Vitamina C

Uma dieta pobre em vitamina C resulta em escorbuto, uma patologia muita rara nos países desenvolvidos. Era uma patologia típica dos marinheiros até ao século XVIII devido à dieta pouco diversificada a bordo dos navios durantes as viagens longas.

Vitamina E

Uma deficiência em vitamina E resulta em problemas neurológicos e de visão. Em pessoas saudáveis mesmo com dietas muito baixas em vitamina E estes sintomas não são observados. Estes sintomas são observados apenas em doentes com dificuldades de absorção de gorduras, pois a absorção de vitamina E depende da absorção de gorduras.

Selénio

A deficiência em selénio resulta em problemas cardíacos, hipotiroidismo e deficiente funcionamento do sistema imunitário. O selénio encontra-se essencialmente em vegetais em níveis que são dependentes do teor de selénio no solo. As patologias associadas à falta de selénio só são observadas em regiões com o solo extremamente pobre em selénio, por exemplo, em algumas regiões na China. Em indivíduos com patologias gastro-intestinais, por exemplo doença de Crohn, podem também emergir a falta de selénio devido à sua não absorção.

Vitamina A

A vitamina A não é um antioxidante mas a pro-vitamina A (principalmente o beta-caroteno) é um antioxidante. A vitamina A pode ser absorvida na forma de vitamina A, através de alimentos de origem animal, ou na forma de pro-vitamina (principalmente o beta-caroteno), em alimentos de origem vegetal. Ao contrário da vitamina C, E e do selénio, observa-se alguma frequência de casos de deficiência de vitamina A em populações mais pobres de países desenvolvidos. Um dos primeiros sintomas da deficiência em vitamina A é a cegueira nocturna ou a dificuldade em ver no escuro. Uma dieta com uma pequena quantidade de produtos de origem animal - carne, ovos, leite e os seus derivados - é suficiente para satisfazer as necessidades diárias da vitamina A.